Londrina deve encerrar 2023 com um PIB a preços correntes na casa dos R$ 31,5 bilhões, significando crescimento de 3,28% ou 15,7% mais que a média brasileira.
Esta projeção utiliza como base as medianas das expectativas de mercado contidas no Relatório Focus da semana passada, divulgado pelo Banco Central e a evolução do emprego formal no Brasil e em Londrina.
A base do cálculo do PIB tem por referência os dados no IBGE de 2019 corrigidos pelo IPCA, que é o índice oficial da inflação.
Mas seguindo a tendência nacional, este crescimento deve perder um pouco de fôlego em 2024 e deverá ser levado em consideração pelos agentes públicos e privados em seus respectivos planejamentos.
As projeções de mercado ...
Divulgado pelo Banco Central toda segunda-feira, o Relatório Focus é uma média das expectativas do mercado sobre variáveis econômicas importantes, como a taxa de câmbio, a taxa básica de juros (Selic), a inflação (IPCA) e o Produto Interno Bruto (PIB), projetando estes números para 1, 2 e 3 anos.
... foram próximos em alguns indicadores ...
Nesta mesma época do ano passado o Boletim Focus estimava que 2023 encerraria com taxa Selic a 12,25%, inflação a 5,36% e dólar a R$ 5,28. Os resultados estão melhores com inflação tendendo a 4,54%, câmbio a R$ 5,00 e Selic a 11,75%, mas ou menos em linha com as expectativas iniciais.
..., mas erram por muito no PIB...
A grande maioria das projeções feitas em 2022 davam conta de um PIB com crescimento inferior a 1%, com alguns otimistas apontando que poderia chegar a 1,6%, enquanto a média do mercado, divulgado no Boletem Focus dava conta de uma expectativa de crescimento de 0,78%.
... que deverá ficar nos 3%...
Faltando alguns dias para o final do ano, as projeções já apontam que o PIB deverá encerrar 2023 com crescimento entre 2,8 e 3,2%, ou seja 4 vezes mais que as expectativas que o mercado tinha ao final de 2022.
... em função do agro.
A fonte dos equívocos foi a agropecuária que, segundo o IBGE, cresceu 18,1% em produtividade no período em uma área plantada que evoluiu somente 2,7%, mas atingiu uma produção recorde de 320 milhões de toneladas de grãos contra 264 da safra passada.
As projeções atuais ...
O mesmo Boletim Focus estima que a projeção para 2024 seja um crescimento do PIB na ordem de 1,5%, mas como os economistas erraram tanto em 2023, seria possível que errem novamente e o PIB surpreenda novamente para cima em 2024? Muito pouco provável.
... não terão o impacto do agro...
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou na semana passada (5) que o valor bruto da produção agrícola deve cair 3,4% em relação a 2023 e a pecuária uma elevação de 0,8% resultando em queda de 2,1% na produção como um todo.
... a afetar as expectativas.
Em termos de toneladas de grãos a safra de 2023/2024 deve chegar a 317 milhões de toneladas, 1,5% abaixo da atual, em decorrência dos efeitos climáticos do el niño. Para não ter efeito negativo no PIB de 2024 a agricultura precisaria produzir o mesmo que nesta safra, e contar com os mesmos preços internacionais.
O PIB e a criação de postos de trabalho ...
A preocupação com o PIB é em função de sua relação direta com a geração de empregos – para produzir mais é preciso mais trabalhadores, e mais trabalhadores geram mais consumo que resultará em estímulo para aumentar a produção.
... começam a perder dinamismo...
Mas os efeitos da supersafra agrícola já estão se dissipando o que pode ser percebido no crescimento de apenas 0,1% do PIB no terceiro trimestre puxado agora pelo consumo das famílias, em função da retomada do mercado de trabalho.
... e repetir os resultados locais ...
Londrina apresentou um saldo positivo de 7.741postos de trabalho formal entre janeiro e outubro, evolução de 4,9% enquanto o Brasil teve saldo de 4,2%. Esse crescimento superior em empregos com carteira assinada é que permite estimar um crescimento maior do PIB de Londrina em relação ao nacional.
... exigirá ainda mais espírito empreendedor.
Para descolarmos um pouco do cenário nacional, que aponta para um menor crescimento em 2024, Londrina precisará ser realmente um polo atrator de novos investimentos. Não nos faltam atributos para fazer disso uma realidade.
Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.