Semana passada, no evento ‘Rumos 2024, promovido pelo Jornal Valor Econômico, a fala de Marcos Barbosa Pinto, secretário de Reformas econômicas do Ministério da Fazenda, foi taxativa ao afirmar que o país não conseguirá crescer de forma sustentável sem atacar o problema da produtividade.
O desenvolvimento e a adoção de novas tecnologias estão no cerne do aumento da produtividade e a inteligência artificial generativa (IAG) tem o potencial de revolucionar diversos setores da economia para alcançar tal propósito.
Mas, não sem razão, sua adoção gera dúvidas quanto à forma de como tal tecnologia deve ser integrada na sociedade, sabendo que também embute riscos de proporções ainda pouco conhecidas.
Crescer sem inflacionar ...
A produtividade, definida como a eficiência na produção de bens e serviços, serve como o motor do crescimento econômico. Diferentemente do simples aumento da produção, que intensifica o uso de recursos e pressiona os preços, a produtividade busca fazer mais com menos, um princípio antinflacionário por excelência.
... melhorando a vida das pessoas...
À medida que a produtividade aumenta, os custos de produção diminuem, permitindo que as empresas ofereçam produtos a preços mais baixos e isso significa aumento do poder de compra dos salários, melhorando o padrão de vida da população.
... e da natureza...
Estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, no mês passado, mostra que países que investem em tecnologias aumentam produtividade e, ao mesmo tempo, reduzem emissões de gases de efeito estufa, especialmente na agricultura.
... requer fazer mais com menos...
A produtividade de um país é calculada dividindo-se o PIB real, ou seja, crescimento da produção, pelo total de horas trabalhadas. A partir dos dados disponibilizados pelo IBGE, a conclusão é que o Brasil cresceu algo como 0,1% nos últimos 10 anos, um dos menores crescimentos do mundo.
... valendo-se de novas tecnologias.
Aumentar nossa taxa de produtividade tornando bens e serviços mais baratos para a população e ganhos de competitividade no mercado externo exige a implementação de novos processos e tecnologias. A Inteligência Artificial Generativa (IAG) terá papel fundamental neste processo.
A inteligência artificial generativa ...
A IAG é um tipo especial de inteligência artificial que utiliza métodos avançados, como aprendizado de máquina e redes neurais, para produzir novos conteúdos baseados nos dados com os quais foi treinada, criando resultados únicos e diferentes dos originais.
... nos faz mais produtivos ...
(IAG) tem o potencial de ampliar significativamente a inovação e a produtividade em uma economia, na medida em que pode analisar grandes volumes de dados e identificar padrões que os humanos não conseguiriam detectar, impulsionando a inovação em diversos setores.
... e mais criativos ...
Automatizando tarefas repetitivas, ajudando na criação de textos, gerando novos insights e ideias, identificando oportunidades a partir da análise de altos volumes de dados, a IAG permite a construção de soluções com impressionante velocidade.
..., mas não é uma panaceia.
A adoção da IAG no mundo acontece em ritmo alucinante, no entanto, embute também consequências indesejáveis que precisam ser conhecidas e mitigadas, seja pela sua capacidade de destruição de postos de trabalho menos qualificados, violação de privacidade, criação de conteúdos falsos e até a perpetuação de vieses discriminatórios.
Exige educação e vigilância ...
Ignorar a IAG não é opção, mas a integração desta tecnologia na sociedade e na economia requer vigilância e precauções rigorosas, e educação e treinamento contínuo para preparar a força de trabalho para a nova paisagem tecnológica.
... para que possa nos servir.
A chave será encontrar um equilíbrio que promova a inovação e o crescimento ao mesmo tempo em que protege e sustenta os valores e a segurança da sociedade.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, Professor da UTFPR.