‘Quem não mede não gerencia’. Essa máxima, criada por Peter Drucker, estrategista na área da administração, é igualmente aplicável a empresas privadas como à gestão pública.
No contexto das administrações municipais, a capacidade de medir efetivamente as operações, os serviços e as necessidades dos munícipes é crucial para no atendimento eficiente e de qualidade.
Para construir soluções adequadas, com o menor custo possível, é preciso uma coleta sistemática de dados, a partir de uma plataforma robusta que permita a interligação de todos os setores e órgãos da administração, contemplando finanças, segurança, saúde e educação.
O que é a digitalização ...
Em artigo no diário online Nexo (21), Fernando Filgueiras define a transformação digital como ‘processo em que os governos otimizam o potencial de prestação de serviços públicos por meio de ferramentas tecnológicas.’
..., para que a queremos ...
O uso desses arranjos tecnológicos transforma a relação dos governos com os cidadãos, fomenta a transparência e a participação social, aumentam a eficiência nos processos e nas despesas públicas e sobretudo, geram valor à sociedade.’
..., aonde chegaremos com ela ...
A transformação digital muda radicalmente a relação do governo municipal com os cidadãos, com maior efetividade e redução de custos, ao permitir antecipar demandas e ao promover a integração de diferentes setores públicos em um único lugar, acessível e seguro.
..., como fazer.
A construção de soluções eficazes, só se faz com base em dados precisos e relevantes, que permitam identificar a situação, analisar causas, e prever tendências. Sem dados, qualquer tentativa de solução se baseia em suposições e intuições, que podem ser imprecisas ou incompletas.
... e do que precisa.
Explica Filgueiras que tal processo exige a construção de conjuntos tecnológicos voltados à combinação de ferramentas como a plataformização de serviços, coleta de dados por IoT (Internet das Coisas), blockchain na administração de procedimentos e uso de inteligência artificial para desempenhar tarefas e tomar decisão.
Com toda a transparência...
Todo este conjunto de informações e dados permitirá à gestão tomar suas decisões, mas é fundamental que dados relevantes ao cidadão também estejam à sua disposição, tanto para sua comodidade quando para participar de maneira ativa e informada nos processos de decisão pública.
... seja na área da educação...
Como cidadão quero saber sobre desempenho escolar de cada unidade de ensino, quantos professores trabalham lá, e quantos alunos estão matriculados. O gestor precisará também de informações sobre a performance dos professores e alunos, quem se destaca e quem precisa melhorar.
..., na área da saúde...
Como cidadão, quero saber sobre as especialidades disponíveis em cada serviço de saúde, como está a afluxo de pessoas em dado momento, que medicamentos estão disponíveis. O gestor tem que saber quem está atendendo, quantos atendimentos são realizados, qual o estoque de insumos.
..., nas finanças ...
Como cidadão quero saber em tempo real, a entrada de recursos nos cofres e qual sua origem, e o que está saindo dos cofres e qual a destinação. O gestor precisará ter todos os dados referentes ao andamento de cada empenho, liquidação e fluxo.
..., ou na segurança pública.
Como cidadão quero ter acesso a indicadores de criminalidade, número de patrulheiros e viaturas em serviço. O gestor precisará de uma sala de operações com todo tipo de recursos de monitoramento e acionamento em tempo real.
Há dinheiro para isso.
Uma iniciativa coordenada pelo governo federal, denominada Estratégia Nacional de Governo Digital (ENGD), pode ser instrumento valioso para esta transformação digital, especialmente pelo acesso a linhas de crédito para compra de equipamentos de informática, processamento de dados e conectividade.
Não tenho dúvidas que esta deve ser a primeira iniciativa a ser tomada pela nova gestão municipal: implementar a coleta e análise sistemática de dados. Sem isso, ficaremos à mercê da sorte.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, Professor da UTFPR.