Olá, meus caros. O levantamento mensal da inflação da cesta básica em Londrina, realizado pelo Nucleo de Pesquisa Econômicas Aplicadas da UTFPR, aponta para alta de 1,4% no preço médio em novembro, na comparação com outubro. O grande vilão desta elevação é a carne bovina, que subiu quase 30% nos últimos 90 dias, e que tem forte impacto na composição do preço da cesta pois consome praticamente metade do orçamento com alimentação.
Mas há aspectos nesta alta que merecem comemoração e sobre isso que é a nossa reflexão de hoje. Observe que o consumo de carne é estimulado pelo aumento da renda e, conforme divulgado pelo IBGE (29), a ocupação no Brasil bateu seu recorde, com o percentual de desempregados caindo para 6,2% no trimestre encerrado em outubro, totalizando 103,6 milhões de pessoas trabalhando.
É a menor taxa já registrada na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012, fazendo com que a soma das remunerações de todos os trabalhadores chegasse a R$ 332,6 bilhões, com alta de 2,4%, o equivalente a mais R$ 7,7 bilhões em relação ao trimestre anterior e mais de R$ 23,6 bilhões desde o início do ano.
E mesmo com o volume de carne bovina disponível no mercado interno brasileiro aumentando em 4,2% com relação a 2023, totalizando 6,82 milhões de toneladas, conforme dados da CONAB, tal aumento foi insuficiente para atender a demanda resultando em pressão sobre os preços.
Além a pressão interna, as exportações também subiram, com vendas 30% superiores em relação ao ano passado, sendo que em outubro batemos o recorde de embarque em um mês - aumento de 42% na comparação com outubro de 2023, conforme a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC).
De fato, de janeiro a agosto o preço do quilo do coxão-mole, usado como referência para a cesta básica, ficou bem-comportado, em uma média de R$ 33,80, mas disparou a partir de setembro levando a fechar na média a R$ 43,13 em novembro, alta de 28,8% neste intervalo.
No entanto, apesar desta significativa alta no preço da carne, a cesta básica em Londrina, se manteve relativamente estável e chega ao 11º mês do ano com alta de 1,2% na comparação com 1º de janeiro, cujo valor da cesta foi de R$ 590,38, ajudado especialmente pela queda no preço dos hortifruti.
E comparando o poder de compra do salário-mínimo em termos de cestas básicas neste período com o mesmo período de 2023, observa-se que ele aumentou. No ano passado o salário-mínimo adquiriu nestes 11 meses 25,6 cestas enquanto neste ano adquiriu 26,9 cestas.
Eu sei que é bastante contraintuitivo, mas os números mostram uma situação melhor em 2024 que em 2023. Ora, com baixo desemprego, exportações em alta e manutenção do poder de compra do salário-mínimo, à despeito do salgado que ficará comer carne neste final de ano, temos sim, o que comemorar.
Pensa nisso. te vejo na próxima coluna e até lá, se cuida.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, Professor da UTFPR.