Olá, meus caros. Uma das grandes preocupações de um economista está ligada a geração e distribuição da riqueza na sociedade especialmente naquela em que ele está inserido. Digo isso para chamar a atenção a um tema que é insosso para muitos de nós, no entanto, de muita importância, qual seja – as condições que permitam a nossa cidade ser um atrativo a novas empresas.
Londrina ensaia um processo de reindustrialização pois precisa encontrar um equilíbrio na sua matriz produtiva que contemple significativo incremento na produção industrial, deixando de pender tanto para o setor de serviços.
Não é suficientemente rápido pretender tal incremento na nossa matriz valendo-se unicamente de um crescimento orgânico, ou seja, esperando que a indústria local ganhe musculatura aos poucos. É preciso atrair novas indústrias para Londrina e indústrias de classe mundial, intensivas em tecnologia, que tenham sinergia com nossos potenciais, com cadeias de produção longas e locais.
Mas para tanto precisamos remover alguns gargalos que impactariam negativamente nossa capacidade de atrair estas indústrias. Vale lembrar que já contamos com algumas indústrias de nível mundial, cito por exemplo a Cacique de café solúvel – maior planta individual de produção de café solúvel do mundo, a Bratac maior produtora e exportadora de fios de seda do Ocidente, ou a Atlas Schindler uma das maiores fábricas do mundo de escadas e esteiras
No entanto, para sermos capazes de atrair novas indústrias precisamos remover um obstáculo. A falta de integração em nosso modal logístico. O modal logístico refere-se ao método específico utilizado para transportar mercadorias de um ponto de origem para um destino. Fazem parte do modal logístico as rodovias ferrovias aeroportos, por exemplo.
E nosso grande problema, e nosso modal ferroviário. As indústrias precisam de sistemas de transporte de matérias primas e produtos acabados que sejam de baixo custo, alta confiabilidade e para tanto necessitam de acesso a ramais ferroviários, exatamente o que precisamos viabilizar neste momento.
Para temos uma ideia, Na China 37% das cargas são transportadas em linhas férreas, nos EUA são 43%, enquanto no Canadá 46%, e na Rússia, recordista absoluta, 81% das cargas vão pelas estradas de ferro.
Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada no ano passado, mostra que somente 8% das indústrias utilizam modal ferroviário, mas esta seria a primeira alternativa para 28,5% dos industriais no escoamento de produtos, caso houvesse tal disponibilidade.
Não é factível pensar que indústrias de grande porte, que tenham foco no mercado interno e na exportação possam prescindir de uma integração logística completa e disponível.
Então o que é preciso fazer. Primeiro é definir a área em que grandes indústrias possam se instalar e na sequência disponibilizar em seu costado o ramal ferroviário que as vai atender, contemplando também um anel rodoviário a sua margem.
Essa é uma das condições para atrairmos novas indústrias para cá, já contamos com outros atrativos, mas esta falta de integração do modal logístico acaba por afastar indústrias que poderiam se instalar aqui.
É importante para Londrina que cada cidadão compartilhe desta visão e encampe a ideia desta necessidade.
Pensa nisso, te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.
Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.