https://radio.uel.br/coluna/endividamento-2/2023/06/05
PESQUISA REVELA QUE ENDIVIDAMENTO DA FAMILIA LONDRINENSE CONTINUA ELEVADO.
Olá, meus caros.
Pesquisa Trimestral realizada pelo Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas da UTFPR -NuPEA, mostra que 76,4% das famílias londrinenses estão endividadas.
O número é um pouco mais baixo que a média divulgada pela Confederação Nacional do Comércio – CNC que aponta um percentual de 78,3% de famílias com alguma parcela da renda comprometida.
A importância das consequências do endividamento justifica a relevância dada a estes indicadores tanto no âmbito das famílias quanto para o mercado e aos formadores de políticas públicas.
Esta pesquisa conhecida pelo acrônimo PEIC e realizada aqui em londrina pelo Nupea deste 2016 e atualmente sob a coordenação de Adriano Ribeiro dos Santos.
O seu propósito é o de trazer informações sobre o nível de comprometimento da renda do consumidor com dívidas, contas em atraso, e sua percepção em relação à capacidade de pagamento.
Empresários do comércio de bens, serviços e turismo que utilizam o crédito como ferramenta estratégica podem orientar seu composto de comunicação e promoções tendo por base o quanto seu público tem de renda disponível.
Embora tenha esbarrado em questões de ordem tecnológica, o governo federal já propôs um programa – o Desenrola Brasil, que tem por objetivo justamente o de diminuir o número de famílias inadimplentes no país.
Embora seja dada ênfase no número de famílias que se declaram com algum tipo de dívida, este indicador não é negativo por si, visto que a economia atual é movida por acesso a crédito e o consumidor busca antecipar o usufruto comprometendo parte de sua renda futura.
O problema aparece quando o consumidor não consegue honrar o pagamento na data de seu vencimento e isso resulta em prejuízos tanto para o devedor quanto para o credor.
Do total de famílias que declararam ter dívidas, 35% tem alguma delas em atraso e destes, mais da metade não terão condições de pagá-las este mês o que significa que possivelmente terão seu nome inserido no cadastro de inadimplentes.
Dados da inadimplência do Serviço de Proteção ao Crédito da Associação Comercial e Industrial de Londrina – ACIL, dão conta que o número de consumidores negativados no mês de maio apresentou alta de 15% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Levando em conta que nossa legislação determina que o prazo máximo para a permanência das informações negativas nos cadastros de proteção ao crédito é de 5 anos, somente no SPC da ACIL são 95.213 consumidores, dados de maio/2023.
As famílias com renda de até 2 salários-mínimos apresentam do dobro de inadimplência que as famílias com renda mais alta. A inflação da cesta básica, que faz com que parcela maior da renda seja para alimentação, ajuda a entender do porquê serem os mais pobres o contingente maior de negativados.
Somente a recuperação consistente da economia, a partir do controle da inflação, é que poderemos pensar em reduzir o número de consumidores que não conseguem quitar seus compromissos no dia de seu vencimento. Enquanto isso, a nós compete mantermos estrito acompanhamento e disciplina no nosso orçamento doméstico.
Pensa nisso, te vejo na próxima coluna e até lá, se cuida.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.