07 de agosto de 2023

2023/08/07

Olá, meus caros. Retomando nossa coluna das segundas-feiras, quero chamar a atenção para os dados do Censo 2022 que trouxeram, para a maioria de nós, algumas surpresas em relação ao crescimento populacional do país, que ficou aquém do que era projetado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Mas a partir dos dados recentes é possível fazer alguns ensaios que provoquem aprofundamentos em estudos para comprovar ou não algumas questões locais e regionais. Uma delas é que há uma crença de que Maringá atrai mais pessoas de fora do que Londrina e por isso sua população residente cresce a uma taxa maior. Será que é isso mesmo?

O censo de 2022 coloca Londrina como a maior cidade do interior do Paraná com uma população de 555.937 com uma taxa de crescimento anualizada de 0,776% desde o último censo de 2010, significativamente menor que Maringá, a 2ª maior, com 409.657 habitantes e crescimento anualizado de 1,15%.

Bom, para uma melhor compreensão do que estaria levando a cidade Canção a apresentar um crescimento populacional 66% maior (aumento absoluto de 52.580 habitantes) que Londrina (aumento absoluto de 49.236) entre um censo e outro, é preciso entender as variáveis que atuam sobre este resultado.

A primeira variável é a taxa de crescimento natural, que é a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade. Obvio que taxas de natalidade superiores às taxas de mortalidade resultam em crescimento natural positivo.

Mas há outra variável que influencia a variação populacional, que é a taxa de migração – que é a diferença entre o número de pessoas que entram e que deixam a cidade.    

Com os dados de pelo menos duas variáveis (V) é possível calcular a terceira. Então, tendo qual foi a evolução populacional (V1) em dado período e respectivo número de nascimentos e óbitos (crescimento natural V2) é possível obter a taxa de migração (V3).

Todos estes números estão disponíveis no site do IBGE e no site de Registro civil. Projetando a evolução anual das populações de ambas as cidades entre 2015 e 2022, e subtraindo-se de cada ano a taxa de crescimento natural resulta que a taxa média de migração foi de 0,22% para Londrina e 0,20% para Maringá, para este período. Portanto é o contrário, londrina atrai mais moradores que Maringá.

Então, o que explica o crescimento populacional maior de Maringá? Quando analisados os números de nascimentos e óbitos neste período, Londrina apresentou um crescimento natural de 0,64% a.a. (23.210 pessoas), enquanto em Maringá esta taxa foi de 0,98% a.a. (28.497 pessoas). Isso significa que, nestes 8 anos, a taxa de fecundidade em Londrina foi de 1,56% a.a.  (62.436 crianças), enquanto de Maringá foi de 1,77% a.a. 

Já os óbitos em Londrina apresentaram taxas de 0,92% a.a. (39.226 óbitos) enquanto Maringá a taxa foi de 9,70% a.a. (28.497 óbitos). E a explicação é a pirâmide populacional de cada cidade.

Enquanto Maringá contabilizava uma população de 12,2% de pessoas com 60 anos ou mais, em Londrina este contingente era de 12,7%, ou seja, maior

E enquanto em Maringá o percentual de mulheres em idade fértil (aqui consideradas entre 15 e 35 anos) era de 27,2% da população, em Londrina este percentual era de 25,9%, ou seja, em Londrina a taxa de natalidade é menor e a taxa de mortalidade é maior que Maringá.

Então cegamos a duas conclusões: 1) Maringá não atrai mais migrantes que Londrina, e 2) Londrina tem uma população mais velha que Maringá.

Não é difícil imaginar que estas diferenças demográficas vão trazer implicações econômicas. 

Pensa nisso te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.


Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR.