08 de julho de 2024

Olá,  meus caros. O termo ‘Inteligência Artificial’ aparece pelo menos 48 vezes no Jornal Valor Econômico da sexta-feira (05), em assuntos tão variados quanto: finanças, produtividade, marketing, regulação, educação, publicidade, sustentabilidade, riscos sistêmicos, arte e cinema, comportamento, liderança e direito civil. 

A Inteligência Artificial (IA), está se tornando onipresente e trazendo impacto transformador na economia e na sociedade, mudando a maneira como vivemos e trabalhamos, modificando a essência da humanidade e do que é humano.

Gostando ou não desta tecnologia, o que não se pode é deixar de participar de sua construção e desenvolvimento. Embora pequeno, o ICMS tecnológico, uma medida adotada recentemente pelo governo do Paraná, é um passo no sentido de não deixar Londrina perder o bonde desta história e é sobre este tema que dedico a coluna de hoje.

Ray Kurzweil, Rei curtzvaiol diretor de engenharia do Google, é conhecido por suas previsões sobre a convergência de humanos e máquinas. Suas ideias são amplamente discutidas em seus livros, como ‘A singularidade está mais próxima’ (editora Goya) e ‘Como criar uma mente’ (editora Aleph)

Kurzweil prevê a chegada da singularidade para daqui a 20 anos. A singularidade é um ponto no futuro em que o crescimento da tecnologia será tão rápido e profundo que mudará a civilização humana. Nesse ponto, a IA ultrapassará a inteligência humana, e as máquinas serão capazes de autoaperfeiçoamento contínuo.

Um ponto crucial em suas teorias é a lei dos retornos acelerados, que afirma que a taxa de progresso tecnológico é exponencial, se tornando cada vez mais rápidos, levando a uma mudança radical em um curto espaço de tempo. Passar ao largo destes avanços não é opção.

A IA é um programa (software) que utiliza um conjunto de instruções, chamados de algoritmos, que permitem aos sistemas aprender e melhorar a cada inserção de dados, e como qualquer software, precisa estar embarcado em uma máquina (hardware), que executará o que foi processado.

Neste contexto social e tecnológico, o governo do Estado do Paraná dá um passo importante para incentivar a participação do setor produtivo nessa evolução, fomentando e atraindo empresas por meio do Programa ICMS Tecnológico, uma demanda antiga de nossa cidade, que teve sua regulamentação em março.

O benefício fiscal é direcionado à indústria de produtos eletrônicos, de telecomunicações e de informática (TIC), que embarcam um software, ou seja, que tem um programa de computador integrado a ele, e este software precisa necessariamente ter sido desenvolvido no Brasil.

A indústria de TIC que se enquadra neste perfil terá a possibilidade de recolher o ICMS de importação de componentes utilizados no seu produto, somente depois de sua comercialização e ainda terão desconto de 80% no valor total do ICMS devido sobre a venda dos produtos resultantes da industrialização.

Londrina ainda não tem um setor industrial na área de TIC relevante, mas somos polo no setor de serviços de desenvolvimento de Softwares. Esta lei propiciará a possibilidade de juntarmos nossa expertise em programação, com uma indústria de base tecnológica que embarque nossos softwares.

Esta indústria de hardware para processar dados e executar as instruções do software, podem variar desde computadores pessoais e servidores até dispositivos móveis e sistemas embarcados em robôs industriais, veículos terrestres autônomos, drones agrícolas e uma infinidade de outros equipamentos.

Incentivar a indústria de base tecnológica por meio da Lei do ICMS Tecnológico tem potencial para promover a inovação, atrair investimentos, criar empregos qualificados e fortalecer a economia local, impulsionando o crescimento sustentável e a competitividade global, garantindo que não ficaremos à margem deste futuro.

Pensa nisso. Te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.

   

Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.