11 de novembro de 2024

Olá, meus caros. Em mais de uma ocasião tenho utilizado este espaço para abordar a necessidade de uma estratégia deliberada de industrialização para nossa cidade e é essencial compreender que a industrialização não é um fim em si, mas um meio para promover um desenvolvimento mais justo e sustentável que beneficie toda a sociedade. Por essa razão retorno a este tema.

Enquanto muitos, como eu, defendem os benefícios da industrialização — como o crescimento econômico, a geração de empregos e a inovação tecnológica — outros alertam para seus impactos negativos, como a desigualdade social, a exploração ambiental e a alienação do trabalho. E isso é um aspecto real o que fundamental ter clareza sobre o propósito de uma estratégia de reindustrialização que alinhe seus objetivos ao bem-estar coletivo e à sustentabilidade.

Então vejamos alguns aspectos da produção industrial. Ela tem por caracteriza a produção em massa e a padronização, e isso possibilita a incorporação contínua de inovações tanto nos processos quanto nos produtos, que geram ganhos de valor que, replicados em larga escala, potencializam a eficiência e impulsionam a competitividade.

Outra peculiaridade é que a indústria direciona sua produção para mercados além das suas fronteiras e tal estratégia funciona como um seguro econômico, garantindo a entrada de recursos e sustentando a atividade produtiva, mesmo em momentos de instabilidade no mercado local.

Mas a distribuição do emprego em Londrina expõe nossas fragilidades, com hipertrofia no setor terciário, que respondeu por 80% dos postos de trabalho formal em setembro, contra 12,6% na indústria. Tal concentração aumenta nossa vulnerabilidade a crises e clama por uma matriz econômica mais equilibrada.

Ora, para alcançarmos 20% de participação no mercado formal são necessários 13 mil novos postos na indústria, o que exige investimentos substanciais, ainda mais, no caso da indústria de base tecnológica, que  fundamenta suas atividades no uso intensivo de conhecimento científico e tecnológico.

Em média são necessários investimentos de US$ 250.00 para cada emprego formal criado, o que significa a necessidade de aportar próximo a R$ 20 bilhões. Para ter uma ideia da dimensão deste aporte, o orçamento total de Londrina para 2025 é de R$ 3,5 bilhões.

Não temos esta poupança interna e tampouco o know-how para bancar este processo de industrialização, o que torna fundamental atrair empresas de fora para investirem aqui. Mas não nos interessa empresas intensivas em recursos naturais e sim de base tecnológica.

Empresas de base tecnológica são mais inovadoras, agregam mais valor e promovem um desenvolvimento sustentável. E considere também que apenas da UTFPR – LD são 1.617 alunos de engenharia e 760 recém-formados que precisam de indústrias que absorvam seus conhecimentos.

E não só necessário que sejam de base tecnológica. Precisam tem uma cadeia longa de produção e que operem localmente, pois isso permite que o valor final seja distribuído por todas as etapas produtivas, democratizando a renda. A operação local, por sua vez, assegura que serão as empresas daqui a serem beneficiadas.

É igualmente importante garantir que as empresas atraídas para a região tenham e criem sinergia com as já estabelecidas, permitindo o compartilhamento de conhecimentos, tecnologias e recursos, formando uma rede colaborativa que potencialize a eficiência, a redução de custos e o estímulo a inovação.

Estamos realizando o leilão de 52 lotes na Cidade Industrial é um passo positivo neste sentido, no entanto, ainda insuficiente para reequilibrar nossa matriz econômica, que precisará de políticas mais amplas e planejamento estratégico para diversificar e expandir a base industrial nos moldes desejados.

Acima de tudo, é essencial lembrar que a industrialização não é um fim em si mesma, mas um meio para melhorar as condições de vida, fortalecer a economia e construir uma sociedade mais equitativa.

Seu propósito deve ser criar oportunidades que promovam o bem-estar da população.

Pensa nisso. te vejo na próxima coluna e até lá, se cuida.

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, Professor da UTFPR.