Olá meus caros. Pesquisa da Anbima e Datafolha, publicada em junho, revela que 50% dos brasileiros que ainda não se aposentaram acreditam que o INSS será sua principal fonte de renda no futuro e nas classes D e E, apenas um em cada dez iniciou uma reserva para a aposentadoria.
Por sua vez, os dados divulgados na semana passada pelo Serviço de Proteção ao Crédito da ACIL mostram um aumento de 39% na inadimplência em julho, comparado ao mesmo mês do ano anterior. Em Londrina, apenas no comércio varejista, há 93.384 consumidores negativados.
Fica evidente que estas duas informações revelam despreparo na condução financeira de grande parte da população, e a resposta mais simples, trará a necessidade de programas voltados à educação e disciplina orçamentária.
Sem desconsiderar tal necessidade, é essencial desenvolver estratégias que levem em conta a tendência humana ao consumo, direcionando-a para mecanismos de poupança integrados ao comportamento cotidiano. É disso que falo nesta coluna hoje.
Vivemos em uma sociedade onde a propaganda exerce grande influência, promovendo o consumo constante. A cultura do 'aqui e agora' privilegia o prazer imediato, levando as pessoas a atenderem seus desejos de forma impulsiva.
E a compra por impulso frequentemente leva ao endividamento e compromete tanto a saúde financeira quanto a criação de poupança futura, mas em vez de focar em uma disciplina orçamentária rígida, é possível, ao entender a condição humana, redirecionar a impulsividade para a formação de poupança de forma indireta.
Tradicionalmente, a poupança é vista como o dinheiro que é guardado e não gasto, servindo como um colchão financeiro para emergências ou como um recurso para alcançar objetivos futuros. No entanto, poupança não se limita apenas à acumulação de dinheiro. Ela também pode ser entendida como qualquer investimento que resulta na redução de custos futuros. A ideia é satisfazer o impulso de consumo com produtos gerem benefícios futuros.
Comece por financiar sua casa própria. Além de oferecer segurança, estabilidade e senso de pertencimento, os gastos com as parcelas do financiamento se traduzem em economia de aluguel e, com alguma sorte, na valorização da localização do imóvel, aumentando o patrimônio pessoal.
Investir na microgeração distribuída, que é a geração de energia na própria residência. Os gastos com painéis solares são capazes de reduzir a conta de energia elétrica praticamente ao valor da taxa mínima, e em alguns casos, o excedente pode ser injetado na rede elétrica, gerando créditos para o proprietário.
Instale um sistema de captação de água que permitirá armazenar água da chuva para usos não potáveis, como irrigação, limpeza e descargas, reduzindo a dependência da rede pública e gerando economia contínua nas despesas mensais.
Invista em uma horta sintrópica, que é aquela que integra cultivo e compostagem ao reciclar resíduos orgânicos no solo, Ela proporciona economia na compra de alimentos, reduz a pegada de carbono e oferece benefícios terapêuticos, potencialmente diminuindo futuros custos médicos.
Faça já um plano de saúde. Ao adquirir um plano de saúde enquanto ainda se está ativo profissionalmente, é possível aproveitar melhores condições de cobertura e preços, além de evitar aumentos significativos que podem ocorrer ao contratar um plano em idade mais avançada.
Esta coluna é inspirada na minha própria vivência, que como economista, ensino meus alunos como administrar o orçamento doméstico, mas tenho, eu mesmo, dificuldade em pôr em prática aquilo que ensino, pois também sou um ávido consumidor.
A chave dessa estratégia é entender que poupar não significa privação. Ao escolher produtos que agreguem valor futuro, é possível desfrutar do consumo imediato enquanto se constrói uma reserva financeira, alinhando prazer presente com segurança futura. Pensa nisso. Te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.
Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.