Olá, meus caros. O valor médio da cesta básica de alimentos em Londrina ao longo destes 8 meses do ano foi de R$ 575,39, com uma variação média de 3,3%, sendo que a maior variação para cima foi de 5,3% em maio e a mais baixa de 5% em julho. O preço dos 13 produtos que compõe a cesta básica nacional tem se mantido bem-comportados neste período, no entanto fatores climáticos severos podem implicar em altas generalizadas nos alimentos. Chamo a atenção a esta situação que já foi colocado à mesa pelo ministro da Fazendo Fernando Hadad, que estima inflação dos alimentos para os próximos meses, embora Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária, pense ser muito cedo para estas conclusões.
No entanto, falar sobre isso é importante especialmente porque aflige diretamente as famílias de baixa renda que destinam uma parcela significativa de seu orçamento para a alimentação e uma elevação no preço dos alimentos comprometem outros gastos essenciais como saúde, educação, transporte e moradia.
E como aponta o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais estamos vivenciando a maior seca dos últimos 74 anos, quando teve início sua série histórica e já está pressionando todo o ecossistema produtivo.
A primeira consequência da estiagem é a queda nos níveis de água dos reservatórios das hidroelétricas, o que obriga a suprir a produção de energia com usinas termelétricas, mais caras. Esse custo mais elevado é transferido ao consumidor pela adoção da uma bandeira tarifária mais cara, que eleva o preço de cada 100 kWh em R$ 4,46 (patamar 1), mas se a situação se agrava esta tarifa pode subir para R$ 7,88 (patamar 2).
Além de atingir diretamente o bolso do consumidor, este preço aumenta os custos de produção, processamento, armazenamento e distribuição dos alimentos, que resultará em preços mais altos para o consumidor, afetando especialmente produtos perecíveis.
A seca também está prejudicando fortemente a pecuária, pois a escassez de chuva reduziu a quantidade e a qualidade das pastagens, o que está afetando a alimentação dos animais e impactando o abate e a produção de leite.
Do lado dos grãos a situação também está comprometida e a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) já projeta queda de 21,4 milhões de toneladas de grãos em relação à safra passada, afetando especialmente soja, milho e feijão.
Os preços do tomate no mercado brasileiro subiram com parte da produção descartada devido à seca, que acelerou o processo de maturação do fruto e a irregularidade das chuvas prejudicou também o desenvolvimento das bananas.
Some-se a isso o incêndios e queimadas que atingem várias regiões, especialmente as zonas canavieiras de São Paulo que trarão impacto no preço do açúcar e pode afetar também o preço dos combustíveis com o recuo na produção de etanol.
E agora veja, a previsão é que o clima seco dará lugar a chuvas intensas e acima da média previstas para outubro em decorrência do fenômeno climático ‘La Niña’, o que implicará em dificuldades para o plantio e colheita em culturas que já sofreram com a seca prolongada.
Parece haver um indicador forte de pressão inflacionária sobre os alimentos que compõe a cesta básica, o que exigirá redobrar nossa atenção para equilibrar o orçamento doméstico. E tudo isso parece trazer mais sentido ainda para que cada um de nós, na medida de seu possível, invista na geração própria de energia elétrica, na captura da agua das chuvas e em manter uma horta sintrópica dentro de casa.
Pensa nisso. Te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.
Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.