Olá, meus caros. Na última segunda-feira (14), o Prêmio Nobel de Economia foi concedido a Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson por suas pesquisas sobre as raízes da desigualdade econômica entre as nações, com foco especial nas ex-colônias europeias.
Brasil e Estados Unidos, apesar de partilharem características como dimensões territoriais e diversidade cultural, apresentam uma disparidade econômica acentuada. Enquanto o PIB norte-americano é dez vezes maior, a desigualdade de renda no Brasil é quase o dobro da dos EUA. E fundamental entender as razões destas diferenças para que possamos atuar no sentido de modificá-las.
Os PESQUISADORES atribuem a disparidade econômica entre Brasil e Estados Unidos a diferenças históricas e institucionais profundas. Chamo a atenção para o livro ‘Por que as Nações fracassam’ de Acemoglu e Robinson, (2012). e que deu origem a premiação.
Eles, em sua obra, refutam a noção de que o clima determina a riqueza de um país, desmistificando a antiga ideia de que países quentes seriam intrinsecamente pobres e também não seriam fatores culturais ou a ignorância dos lideres que constroi nações pobres, mas sim como foram arranjadas as instituições políticas em um país e em outro, que remontam ao período colonial
Os autores destacam que o tipo de colonização deixou um legado duradouro nas instituições, influenciando diretamente o desenvolvimento econômico e social de cada nação. Eles caracterizam dois processos de colonização: extrativista e de povoamento.
A extrativista, centrada na exploração de recursos naturais e mão de obra, estabeleceu instituições centralizadas e pouco democráticas. Priorizando o lucro imediato da metrópole, excluiu a população local das decisões políticas e econômicas, perpetuando a desigualdade, a concentração de renda e a dependência econômica.
Já a colonização de povoamento visava estabelecer novas sociedades, incentivando a imigração e a criação de instituições mais inclusivas. Essa abordagem, ao promover a participação popular e o desenvolvimento econômico local, favoreceu o crescimento, a inovação e uma distribuição de renda mais equitativa.
As diferenças nas instituições criadas durante a colonização explicam por que os Estados Unidos (ex-colônia de povoamento, prosperou economicamente, e o Brasil (ex-colônia extrativista), enfrenta desafios como desigualdade e pobreza.
O mérito dos autores não está na ideia em si, que tem pouco de original, mas na forma como eles a desenvolveram e aprofundaram, contribuindo significativamente para a compreensão das raízes históricas da desigualdade econômica entre as nações.
Para superar o legado colonial, Acemoglu e Robinson sugerem:: um processo gradual de reforma institucional, combater a corrupção, investir em educação e empoderar a sociedade civil. Os autores nos presentearam com uma receita de bolo, mas esqueceram de nos dizer onde encontrar os ovos e a farinha. Parece que teremos que criar nossas próprias galinhas e plantar nosso próprio trigo.
Então, caberá a nós pensar nisso. te vejo na próxima coluna e até lá, se cuida.
Marcos J. G. Rambalducci - Economista, Professor da UTFPR.