24 de abril de 2023


Olá, meus caros.  

É tema recorrente nesta coluna, a análise do papel dos Bancos Centrais na busca de controlar a disparada nos preços e suas nefastas consequências.

Se bem entendidas as causas da inflação, não é difícil perceber que algumas decisões econômicas podem dificultar seu controle, o que não é bom para nós consumidores finais.

Veja que tudo o que está disponível para compra pode ser tanto para consumo final quanto para insumos que serão utilizados na produção de novos bens e serviços.

Agora observe que, quando a quantidade de dinheiro disponível para a compra destes produtos - sejam eles para consumo final ou para investimento na produção, é igual a soma do preço de todos estes produtos, a balança está equilibrada e os preços se mantem estáveis.

Se acontecer de a quantidade de dinheiro ser maior que a soma do preço dos produtos haverá uma tendência natural ao reequilíbrio, ou seja, os preços vão subir para equalizar a quantidade de dinheiro com a quantidade de produtos. A isso chamamos inflação.

Este desequilíbrio pode ter várias causas: uma seca que reduz a produção agrícola, uma decisão da OPEP em reduzir a produção do petróleo, uma guerra que encareçe o preço dos fertilizantes, ou a liberação de mais dinheiro que a quantidade de produtos disponíveis.

Bom, mas é papel dos Bancos Centrais do mundo buscarem reequilibrar esta balança  a fim de impedir a progressão de um processo inflacionário.

Entre as ferramentas para conter esse processo, a que se mostra mais eficaz é a de aumentar a taxa de juros pagos a quem empresta dinheiro para o governo. Assim, fica mais atrativo emprestar o dinheiro que utilizá-lo para consumir ou investir na produção.

Como consequência, os juros subirão também para quem quer pegar dinheiro emprestado, qualquer que seja a destinação que pretenda dar a ele – investir na produção ou compra produtos de consumo final.

A ideia é ‘esfriar’ a economia para que a quantidade de produtos seja igual ao dinheiro disponível para sua compra. Portanto não faz sentido perguntar se juros elevados arrefecem a economia, pois é justamente este o propósito.     

Mas veja, se outras instâncias do governo trabalham no sentido inverso, querendo reduzir os juros neste momento. Aqui deixo claro que todos queremos juros baixos para poder ter acesso a crédito para consumir e para investir na produção, mas é de se perguntar se este é realmente o momento oportuno para isso, quando Banco Central trava uma batalha contra a inflação.

Se não houver um comprometimento legítimo com a redução da inflação por parte do governo, as expectativas dos demais agentes econômicos apostarão em aumento da inflação e consequente manutenção ou elevação nas taxas de juros.

E isso não é bom para nós.  

Pensa nisso. Te vejo na próxima coluna e até lá se cuida.

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.