Olá, meus caros. A análise da evolução do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de tudo o que for produzido em termos de bens e serviços finais de uma região tem papel crucial na compreensão, avaliação e tomada de decisões relacionadas à economia desta região. Nem sempre parece óbvio, mas observe que somente podemos consumir aquilo que foi produzido. E não interessa se vamos vender parte da produção, pois o dinheiro da venda será utilizado para comprar aquilo que por algum motivo não produzimos, ou seja, fazemos uma troca.
Então, a medida do PIB é uma ferramenta fundamental para governos, empresas, investidores e economistas que permite monitorar o desempenho econômico e planejar o futuro.
E analisar resultados positivos é sempre melhor. Conforme divulgado semana passada (21) pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social – IPARDES, o PIB do Paraná cresceu a estonteantes 8,7%, já descontada a inflação, neste primeiro semestre de 2022. Mas vamos analisar um pouco estes números.
Para ter ideia da magnitude desta taxa, ela é 57% maior que a média nacional, que mesmo assim cresceu muito – 3,7% no período. Hong Kong, que ocupa a liderança no ranking de maiores crescimentos no período, apresentou taxas de 5,3%, seguidos na Polônia com expansão de 3,8%.
Claro está que comparar taxa de crescimento de nações com a taxa de crescimento de um estado e em um único período tem ressalvas, mas se presta bem para dimensionar a magnitude deste avanço. Agora é preciso verificar se tal crescimento é replicável.
Uma análise dos dados do IPARDES mostra que o Setor de Serviços cresceu 5,6% no período e a Industria 4,8%. O setor realmente foi responsável pelo crescimento do PIB do Paraná no 1º semestre foi a Agropecuária com elevação de 37,3%, especialmente com a produção de soja que deve colher quase 22 milhões de toneladas nesta safra, um aumento de 64% em relação à safra anterior.
No entanto, observando o estoque do emprego formal no Paraná, o crescimento do PIB não veio acompanhado na mesma proporção que o crescimento do emprego.
O emprego formal no Brasil está em linha com o crescimento do seu PIB com evolução de 3,9% no estoque de empregos e 3,7% no PIB. Já no Paraná enquanto o PIB cresceu 8,7% o estoque de empregos formais cresceu bem menos, 3,3%.
E por que chamo a atenção para isso? Ora, a Agropecuária como um todo, é sazonal e intermitente e uma safra excepcional pode ser seguida por uma safra menor. Além disso, o PIB é medido pelo preço de mercado e preços praticados agora não são garantia de manutenção deles para o futuro. E aumento do PIB faz mais sentido quando ele é dividido entre a população, e esta divisão é percebida quando os empregos aumentam na mesma proporção do PIB.
Então, embora digno de comemoração, é preciso ter em mente que esperar pele mesmo nível de crescimento não é uma aposta inteligente. E é necessário manter políticas voltadas a construção de um crescimento consistente que não coloque todos os ovos em uma única cesta e especialmente que os ganhos na produção sejam repartidos entre todos, com mais geração de emprego e renda. NÃO SÓ CRESCER MAS CRESCER COM SUSTENTABILIDADE E REPARTIÇÃO.
Pensa nisso, te vejo na próxima coluna e até la se cuida.
Dr. Marcos J. G. Rambalducci, Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.